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AD em São Cristóvão, RJ - surpresas no centenário

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Há cem anos, Gunnar e Frida Vingren organizaram a Assembleia de Deus (AD), em São Cristóvão, na Zona Central da cidade do Rio de Janeiro. A congregação implantada no antigo Distrito Federal, em pouco tempo expandiu-se pelas regiões próximas. Dessa expansão surgiu o Ministério de Madureira, liderado pelo jovem Paulo Leivas Macalão. Os principais missionários suecos no Brasil lideraram a AD carioca. Pastores pioneiros como Francisco Pereira do Nascimento, Alcebiades Pereira Vasconcelos, José Pimentel de Carvalho e Túlio Barros Ferreira em muito contribuíram para o crescimento do ministério. O Mensageiro da Paz, a CPAD, o CAPED e tantas outras belas iniciativas de evangelismo e missões tiveram na AD do Bairro Imperial suas origens. A igreja carioca foi essencial para modelar e expandir o pentecostalismo no país.  Porém a política eclesiástica destruiu a AD São Cristóvão. Com idade avançada, o então pastor da igreja Túlio Barros entregou a liderança em 2004, para o seu filho caçula Jessé M

Censo IBGE 2022 e as Assembleias de Deus

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Foi amplamente divulgado neste início do mês de fevereiro, os dados do IBGE - Censo 2022, que o Brasil tem mais templos religiosos do que escolas e hospitais. São 580 mil espaços (próprios ou alugados) de diferentes tipos de religião contra 264,4 mil instituições de ensino e 247,5 mil unidades de saúde. Logicamente que nessa conta entram todos os locais de culto das mais variadas religiões e seitas implantadas pelo país. É fato também que, pelo seu gigantismo e capilaridade, as ADs contribuíram para essa marca interessante da sociedade brasileira.  Na história das ADs encontramos um bom exemplo que confirma essa afirmação, quando na Convenção Geral de 1940, na Bahia, os convencionais propuseram uma maior dedicação das igrejas “à evangelização das cidades do interior, já que ultimamente as igrejas estavam mais voltadas para o crescimento nas grandes cidades.” Na resolução da CGADB, os obreiros deveriam obedecer o chamado de Deus sem visar “o conforto” dos grandes centros, mas levar o ev

Adriano Nobre - o cancelamento histórico

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Quando A Seara foi recém lançada na década de 1950, adiantava-se na contracapa da revista que chegava aos leitores, os principais assuntos da próxima edição. Criava-se assim, uma boa dose de expectativas sobre os temas pautados pelos seus jovens editores da CPAD. Só para lembrar: a revista A Seara foi lançada em setembro de 1956, e tinha propostas que, se colocadas em prática, trariam maior abertura à denominação. No periódico eram debatidos assuntos polêmicos como institutos bíblicos e congressos de jovens; assuntos controversos para a época. Idealizada por Augusto Rocha, João Pereira de Andrade e Silva e Joanyr de Oliveira, A Seara teve uma excelente recepção no mercado evangélico. Nos registros oficiais, o novo produto da CPAD foi recebido com alegria. O pastor João Pereira, anos depois do lançamento do produto, relatou que a “felicidade de (quase) todos era imensa”. A falta de unanimidade sobre uma revista com boa tiragem e abrangência nacional, devia-se ao fato de alguns líder

A invisibilidade das mulheres na história

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As questões de ministério e liderança feminina nunca foram ponto pacífico dentro das ADs no Brasil. Na Convenção Geral de 1930 em Natal, no Rio Grande do Norte, tentaram enquadrar as mulheres e dar uma solução satisfatória ao caso, todavia, sem sucesso aparente. Na contramão da sociedade, onde as mulheres conquistavam seu espaço e influência (sempre as duras penas), os líderes das ADs sinalizaram o oposto, ou seja, delimitaram a área de atuação do chamado “sexo frágil”. Segundo os convencionais de 1930, as irmãs teriam “todo o direito de participar da obra evangélica, testificando de Jesus e a sua salvação, e também ensinando quando for necessário”. Porém, quando se tratava de liderança, a democracia eclesiástica era limitada: “Mas não se considera que uma irmã tenha função de pastor de uma igreja ou de ensinadora, salvo em casos excepcionais mencionados em Mateus 12. 3-8 (uma referência ao princípio de necessidade). Isso deve acontecer somente quando não existam na igreja irmãos capac

Ministérios Hereditários - o caso da AD em Bento Ribeiro, RJ

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Quando o assunto sucessões familiares vêm à baila, muito se comenta sobre os Ministérios e Convenções mais conhecidas no Brasil (Belenzinho, Santos, Madureira, Belém do Pará). Como já se observou em outras postagens, alguns Ministérios são controlados por determinadas famílias há décadas. Porém, há um Ministério que desde a sua fundação no ano de 1945, é liderado por um só clã familiar: a AD em Bento Ribeiro, bairro da Zona Norte no Rio de Janeiro. Tudo começou quando um membro da Igreja Congregacional, Horácio da Silva, vivenciou a experiência pentecostal. A casa dos Silva era utilizada para os cultos da Congregacional desde 1930, mas depois de receber o batismo no Espírito Santo, Horácio resolveu começar em sua residência, na Rua Conde de Resende 306, uma congregação da AD. Utilizando a máquina de costura da esposa como púlpito, Horácio viu no primeiro culto em sua moradia uma pessoa aceitar a Jesus. Na segunda reunião, duas pessoas se renderam a Cristo, e na terceira mais sete; no q

Impressões sobre a AD carioca - por Lewi Pethrus

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No ano de 1930, o pastor Lewi Pethrus, líder da Igreja Filadélfia em Estocolmo, Suécia, veio ao país para participar da primeira Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) realizada em Natal, RN. Sua presença na CGADB foi motivada por problemas internos da denominação. Em sua biografia editada pela CPAD, o líder sueco comentou esse momento de crise do movimento pentecostal nativo. Porém, outras opiniões sobre a obra no Brasil foram escritas por Pethrus. Na edição do mês de novembro de 1930, o Sanningens Vittne (Testemunha da Verdade) publicou uma carta do pastor escandinavo com interessantes impressões sobre a Assembleia de Deus carioca, no bairro de São Cristóvão, RJ. Na correspondência enviada ao periódico, Lewi contou que acompanhado de Gunnar Vingren, chegou ao Rio, numa terça-feira, 12 de agosto, “após uma viagem marítima de 22 dias”. Devido a fiscalização na alfândega, os dois pastores chegaram atrasados no culto à noite. Havia um clima de comoção na Cidade Maravi

Joel Carlson - a última carta

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O sueco Joel Frans Adolf Carlson (1889-1942) é um dos nomes mais conhecidos entre os missionários pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil. Seu nome também está intimamente ligado à história da igreja em Pernambuco, liderada por ele por muitos anos e ao trabalho de assistência social com a fundação de um orfanato que ainda mantém suas atividades. Carlson nasceu em 23 de junho de 1889, em Estocolmo, Suécia. Segundo o seu conterrâneo Samuel Nyström, Joel na sua juventude dedicou-se ao atletismo sendo “um dos primeiros” do seu país. Ao vencer “certo número de astros mundiais, nas corridas internacionais” foi indicado para os Jogos Olímpicos.  Mas em 1914, aos 24 anos de idade, Joel tornou-se “atleta” de Cristo, na Igreja Filadélfia em Estocolmo, na época liderada pelo pastor Lewi Pethrus. Em 1915, recebeu o batismo com o Espírito Santo. Em 1917, casou-se com a jovem Signe Herdlund e, na mesma cerimônia, o casal foi separado para o campo missionário no Brasil. O casal desembarcou no Par