Eduardo Cunha - o assembleiano

Nunca antes na história, um assembleiano teve tanto destaque no Brasil. Como presidente da Câmara dos Deputados em Brasília, ele está diretamente na linha de sucessão da presidência da República. Em outros tempos, isso seria motivo de orgulho para os milhões de fieis das ADs espalhados pelo Brasil. Hoje, é sinal de constrangimento. 

Nos últimos meses, Eduardo Cunha tem sido um dos principais protagonistas da nossa conturbada política. Cunha começou na vida política em 1989, através de Paulo César Farias, tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor de Mello.

A queda de Collor, também resultou na saída de Cunha do cargo de presidente da Telerj, estatal de telefonia do estado do Rio de Janeiro. Tempos depois, Eduardo aproxima-se do deputado evangélico Francisco Silva, filia-se a igreja Sara Nossa Terra e trabalha como radialista na Melodia FM.

Cunha: membro da AD

Amplia consideravelmente sua fama no programa O povo merece respeito. Bom comunicador, Cunha usava de expressões evangélicas em suas críticas políticas e inventa o famoso o bordão "afinal de contas o povo merece respeito". Paralelamente cresce na vida pública, mas sempre com seu nome envolvido em polêmicas. Do PRN de Collor, vai para o PPB (atual PP) de Maluf, e deste para o PMDB de Renan Calheiros, Sarney e Michel Temer.

A mudança para a AD é mais recente. Segundo matéria do jornal O Globo a "mudança de denominação credenciou o peemedebista a buscar votos nos templo da Assembleia de Deus e a conquistar a confiança de nomes como Pastor Everaldo - que se candidatou à Presidência ano passado - e bispo Manoel Ferreira, um dos principais líderes evangélicos no Estado do Rio."

Conseguiu a prerrogativa de ser candidato oficial a deputado federal da AD de Madureira no Rio de Janeiro. Eleito anteriormente para a Câmara dos Deputados em 2002, reeleito em 2006 e 2010, em 2014, Cunha (depois do apoio da AD) conseguiu ser o terceiro mais votado do Rio, com 232,7 mil votos. Ao ser eleito presidente da Câmara, o deputado foi a AD em Madureira agradecer pela vitória.

A conquista, muito comemorada por sinal, foi sobre o petistaia Mais:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,eduardo-cunha-e-eleito-presidente-da-camara-e-impoe-derrota-ao-pt,1628050Leiais:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,eduardo-cunha-e-eleito-presidente-da-camara-e-impoe-derrota-ao-pt,1628050 Arlindo Chinaglia. O televangelista Silas Malafaia saudou a eleição de Cunha como "vitória espetacular" e humilhante sobre o "governo e o PT". Seria para muitos, a derrota dos "esquerdopatas".

Mas as denuncias de contas na Suíça, o uso de igrejas para recebimento de propinas e outras coisas mais, gerou um mal-estar difícil de disfarçar entre os apoiadores de Cunha. Os políticos crentes, que antes eram (ou ainda são) apresentados como solução e "benção" para o país, agora são parte do problema ou o problema em si.

Contudo, o que se percebe, é que há furor e ousadia para se denunciar os pecados alheios, mas não os dos "nossos escolhidos". Uma moral seletiva como a da nossa decadente imprensa? Como disse Jesus: "Como poderás advertir a teu irmão dizendo: ‘Irmão! Permita que eu tire o cisco do teu olho’, se tu mesmo nem sequer notas o tronco que repousa no teu olho? Hipócrita! Retira, antes de tudo, a trave do teu olho e, só assim, verás com nitidez para tirar o cisco que está no olho de teu irmão." (Lucas 6:42).

Olhando a foto que acompanha essa postagem é de se perguntar: onde vamos parar? Mas nos dirão sempre com ar cerimonioso e circunspecto: "olhe só para Jesus". Sim, eis o segredo da sobrevivência na selva de interesses próprios que dominam nosso clero.

Fontes:

FRESTON, Paul. Evangélicos na política: história ambígua e desafio ético. Curitiba: Encontrão Editora, 1994.

Jornal O Globo, 23 de agosto de 2015, p.3.

Caros Amigos, setembro de 2015. p. 24-27.ital + Impresso todos os diasga @Estadao no TwitterAssine o Estadão All Digital + Impresso todos os diasSiga @Estadao no TwitterLeia Mais:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,eduardo-cunha-e-eleito-presidente-da-camara-e-impoe-derrota-ao-pt,1628050ssine o Estadão All Digital + Impresso todos os diastter

Comentários

  1. A história de Eduardo Cunha na política já começa mal: Paulo César Farias, o tesoureiro de Collor, foi quem o introduziu e já naquele tempo o atual presidente da Câmara tve o seu nome envolvido em varias denúncias. O seu "surto" evangélico passa pela Rede Melodia, com Francisco Silva, pela aproximação já naquela época com o pastor Everaldo, no Governo Garotinho, Silas Malafaia e companhia. Isso vem de longe. Sempre olhei essa aproximação com discordância e crítica interna, pois era mera junção de interesses nem sempre confessáveis. O resultado ai está. É preciso que o STF julgue Cunha. Ele tem muito a dizer se para amenizar a pena aceitar a delação premiada.

    ResponderExcluir
  2. São pouquíssimos os políticos evangélicos que não estão envolvidos em falcatruas do tipo de Cunha. Se contam nos dedos. O maior problema advém da parca formação política evangélica e da exígua ética vivida a partir dos púlpitos. A maioria dos pastores são excelentes professores às avessas neste quesito. Oportunismo, imposição de nomes, compromisso com a moral e os bons costumes entre outras coisas.

    É bom lembrar, porém, que pessoas como Cunha sempre tiveram bom trânsito na esquerda. Aliás, a dupla Lula/Dilma ampliou seus tentáculos e é aliada ferrenha dos Ferreira. Uma aliança que afundou o Brasil.

    A política é uma mancha para a Assembleia de Deus e sua prática, por vezes apoiada em nosso seio, passa longe de ser uma solução. Só traz problemas.

    Sugiro a leitura de Os Votos de Deus, Editora Massagana.

    Abração!

    ResponderExcluir
  3. Infelizmente a problemática da política brasileira está enraizada na AD e nas denominações evangélicas. Ora, esse assunto é urgente! Os Cunhas da vida estão aí, e quando a igreja vai se posicionar politicamente, prefere os interesses, o destaque na mídia e o discurso de que tudo vai bem.

    Ora, os interesses pautados pela palavra de Deus, pela ética, pela moral e pela justiça deveriam ser as características da igreja brasileira, mas é uma pena ver a Assembleia de Deus envolvida com representantes que aplaudem esses ladrões e corruptos.

    Os problemas políticos no contexto da Assembleia de Deus, e do pentecostalismo brasileiro estão longe de terminar. Mario Sérgio, sua abordagem foi direto ao ponto, e penso eu que nossas lideranças precisam mudar o discurso e se arrependerem de suas artimanhas orgulhosas.

    Que Deus possa continuar abençoando o historiador, amigo e irmão Mario Sergio, e que o blog continue contribuindo para que a verdade seja sempre dita sobre a AD e em longa trajetória.

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  4. Isto é uma vergonha pura palhaçada como diz: o refrão da musica do samba de Bezerra da Silva se gritar ´´pega ladrão, não fica um meu irmão´´.

    ResponderExcluir
  5. Eduardo Cunha é o meu malvado predileto. Cunha é um político de fortuna, como diria Nicolau Maquiavel. Esse protestante político presidente de uma das casas de nosso Parlamento foi o homem certo na hora certa contra as pessoas certas, os monstros totalitários esquerdopatas, apesar das críticas contra ele da parte das puritanas vestais que não vêem a trave nos olhos satânicos das esquerdas que armaram o maior esquema de corrupção da História do mundo, a começar por darem suporte político ao crime nos quadros do Foro de São Paulo, desde 1990, esquema esse que, infelizmente, teria seduzido o meu nobre deputado Cunha. O PT, instrumentalizando as vestais, age como Satã que seduz e depois acusa os fracos idiotas de caírem em suas ciladas.

    Que, finalmente, Santo Tomás Morus, padroeiro dos políticos, abençoe o nobre Deputado Sr. Eduardo Cunha, pois como diria o Doutor da Graça (Sto. Agostinho), as nossas virtudes são feitas do material de nossos vícios, pois é claro, Cunha fez bem a fim de se proteger da rasteira petista quando as investigações da Operação Lava-jato o alcançariam, de entregar, ao dar o primeiro passo para o processo de impedimento contra a velhota terrorista na Câmara, os verdadeiros e primordiais culpados por todo mal que acontece no Brasil e na América.Latina que são os monstros totalitários comunistas.


    Post scriptum: Pediria aos queridos amigos que lessem um post que escrevi acerca do Deputado Sr. Cunha em meu blog aqui nesse link que se segue http://joaoemilianoneto.blogspot.com.br/2016/04/homenagem-um-heroi.html?m=1

    ResponderExcluir
  6. Cunha é o político maquiavélico por excelência. Ele tem tanto a "virtú" (naquele sentido da virtude dos gregos arcaicos pré-socráticos) quanto a fortuna preconizadas por Nicolau Maquiavel. Cunha é o homem de virtú que quer a glória do poder e foi afortunado por ter sido o homem certo na hora certa contra as pessoas certas: os monstros totalitários comunistas.

    ResponderExcluir
  7. Esses nossos políticos modernos brasileiros tem é uma inveja danada de Sua Senhoria Eduardo Cunha, o meu malvado predileto que deu grande impulso no Parlamento ao processo de impedimento da velhota terrorista aposentada. Nossos políticos tem inveja, porque segundo a concepção moderna de política, baseada em Nicolau Maquiavel, o Sr. Cunha é o político maquiavélico por excelência, pois ele tem a chamada virtú que seria a virtude (areté) concebida pelos gregos arcaicos pré-socráticos, ou seja, o amor à glória do poder e Cunha é um político de fortuna, porque ele teve a sorte, foi um afortunado por ter sido o homem certo na hora certa contra nas pessoas certas: os monstros totalitários esquerdopatas comunistas.

    Aproveitando a lição de Maquiavel, é evidente que o político de fortuna é muito inferior ao virtuoso, no sentido da virtude arcaica, porque o afortunado conta só com a sorte e não cria as condições para o seu êxito. Ora, alguém como Eduardo Cunha, sabendo-se não ser nenhum santo e já que Cunha se diz cristão (protestante), ele poderia aproveitar a lição de Santo Agostinho que dizia que a matéria de nossas virtudes (no sentido cristão de virtude) são os nossos vícios e tirar de um mal o bem como quem aduba a terra com esterco para fazê-la fecunda. Mas eu acho que Cunha contou só com a sorte mesmo, contou só com a fortuna que hoje está no alto, mas amanhã pode cair até as profundezas do Inferno.

    ResponderExcluir
  8. Acho que isso se enquadra muito bem na definição de Mundo Líquido, defendida pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O caso Jimmy Swaggart - 30 anos depois

Iconografia: quadro os dois caminhos

Assembleia de Deus e a divisão em Pernambuco (continuação)