Nels Lawrence Olson - as glórias de um apóstolo

No editorial As glórias de um apóstolo no Mensageiro da Paz de março de 1989, é descrita "a importância" de Nels Lawrence Olson e de "sua participação pioneira em vários projetos que contribuíram para expansão da obra pentecostal em nosso país".

Realmente, a presença do missionário norte-americano no Brasil foi decisiva para a evangelização do interior de Minas Gerais, o desenvolvimento da CPAD, a utilização do rádio como meio de evangelização e, principalmente, a organização de institutos bíblicos (a famigerada fábrica de pastores) com o objetivo de formar obreiros e novos líderes na denominação.

Lawrence Olson: fundador do IBP

O editorial lembra as "tradicionais escolas bíblicas" em Lavras (MG), quando ainda havia a proibição do funcionamento dos institutos bíblicos dentro das ADs. Com duração média de 30 dias, Olson ministrava ensinos sistemáticos para prover os obreiros de conhecimentos teológicos "para um ministério mais proveitoso".

Já instalado na cidade do Rio de Janeiro, Lawrence foi mais além. Fundou o Instituto Bíblico Pentecostal (IBP) em 1961. Três anos antes, o casal Lemos, também ligado à missão norte-americana, havia fundado em Pindamonhangaba (SP) o Instituto Bíblico das Assembleias de Deus (IBAD).

Segundo Albertina Malafaia a "mentalidade" da época não aceitava os institutos. O motivo? Era "pecado" estudar. Havia o medo que os novos ministros saídos das instituições de ensino teológico tomassem "o lugar dos pastores". Conforme a mãe do polêmico Silas, tanto o casal Olson como os Malafaia tiveram "que pagar um preço muito alto" porque os líderes proibiam os crentes de frequentar a "Escolinha do Lourenço e do Gilberto". Mesmo assim, não foram poucos os obreiros que passaram pelos bancos do IBP.

O fato, é que os pioneiros suecos resistiram em aceitar a participação dos norte-americanos dentro das ADs brasileiras. Por serem pioneiros no Brasil, os escandinavos consideravam o campo de trabalho sua área exclusiva. Os escandinavos queriam garantir sua "reserva de mercado" e os missionários dos EUA deveriam ser direcionados para outros países da América Latina.

Para cooperar no trabalho pentecostal tupiniquim, os estadunidenses tiveram que aceitar "os princípios e métodos da obra já existente". Por isso, as "inovações" propostas por Olson, JP Kolenda, Virgil Smith e companhia, eram vistos com má vontade pelos suecos e muitos pastores brasileiros. Não estavam eles em flagrante contradição com o que foi combinado na CGADB na década de 1930?

Porém o declínio da liderança sueca, mais o contexto mundial pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945) favoreceu os norte-americanos. Valores culturais hegemônicos vindos do norte com dólares para financiar projetos denominacionais, deram condições para que em alguns momentos "os princípios e métodos" das ADs brasileiras fossem superados.

Assim viveu irmão Lourenço. Amor, dedicação e boas propostas, mas sempre enfrentando os dilemas do seu contexto histórico. Morreu no seu país natal em 1993.

Fontes:

ALENCAR, Gedeon Freire de. Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus 1911-2011. Novos Diálogos: Rio de Janeiro, 2013.

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

COSTA, Jefferson Magno. Pastor Gilberto Malafaia - Homem de fé, visão e coragem. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2014.

Mensageiro da Paz, ano LIX, nº 1227 - março de 1989.

Comentários

  1. A saida do Brasil do estimado casal Olson foi em circunstâncias misteriosas e fora do normal. Fontes fidedignas (incluindo um casal de missionários norte-americanos) disseram que um grupo de pastores brasileiros os colocaram no avião de volta aos EUA com a roupa do corpo. Estavam no grupo Gilberto Malafaia e Antonio GIlberto dentre outros. Não somente as bençãos precisam ser contadas, mas, os podres também fazem parte da história e nada deve ficar em oculto.

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