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Mostrando postagens de abril, 2017

Ministério do Belém – candidatos a sucessão

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A década de 1970, seria decisiva para a Assembleia de Deus - Ministério do Belém (SP). Em 1973, o "timoneiro" Cícero Canuto de Lima faria 80 anos de idade e um clima de expectativa se formava em torno da sucessão. José Wellington comenta em sua biografia, que o pastor Joaquim Marcelino da Silva, na época influente líder das ADs em São Paulo, manifestou preocupações com à sucessão ao próprio Cícero. Mas o veterano desconversava, não alimentava polêmicas e negava-se a apontar diretamente um herdeiro ministerial. Comenta-se, que um dos grandes favoritos para suceder o pioneiro seria o pastor Eliseu Feitosa de Alencar. Amazonense de Lábrea, Alencar destacou-se na década de 1960 na evangelização dos povos indígenas em Roraima. Em 1964, divulgou esse trabalho na CGADB em Curitiba (PR) e "ganhou a simpatia, confiança e apoio do pastor Cícero de Lima" – segundo o próprio José Wellington. Cícero e alguns candidatos à sucessão (JW sentado à direita)

Ministério do Belém – Cícero, o ocaso do timoneiro

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José Wellington Bezerra da Costa, o cearense de São Luis do Curu, assumiu em janeiro de 1980, na cidade de São Paulo, o Ministério do Belém, um dos mais importantes das Assembleias de Deus no Brasil. Seu antecessor, foi nada mais nada menos que o veterano e o respeitado pastor Cícero Canuto de Lima. A história oficial passa longe dos detalhes da conturbada sucessão. Mas há indícios nas publicações da CPAD, através do Mensageiro da Paz e das biografias autorizadas, que o pastor Cícero em sua derradeira década à frente do ministério, sofreu um grande processo de desgaste em sua liderança. Soma-se a isso, o intenso clima de disputas internas pelo cargo do pioneiro. Signatário da convocação para a primeira Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) em 1930, o nordestino Cícero pastoreou por 15 anos da AD em João Pessoa (PB). O desejo de trabalhar no sul do país surgiu em 1937. Em entrevista ao Mensageiro da Paz em 1974, declarou: "puseram muitos obstáculos"

Onde a luta se travar - o livro

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* Por Gedeon Freire Alencar Maxwell Fajardo, um intelectual orgânico e ministro assembleiano, se insere na pesquisa como um exemplar tipo de pesquisador da Rede Latina de Estudos do Pentecostalismo – RELEP.  Uma rede articulada nos dos anos 90, com pesquisadores do México , Chile, Peru e Brasil que tem uma especificidade: um grupo de pesquisa sobre o pentecostalismo formada por pesquisadores pentecostais.  Não tem a pretensão de reserva de mercado, a RELEP apenas indica: nós também temos algo a dizer sobre nós mesmos. Os estudos pós-coloniais nos legitimam. Sim, os subalternos tem voz. Segundo alguns, não deveriam, mas tem. E falam. E o fazem muito bem, como o Fajardo, em sua tese de doutorado em historia na UNESP. Os colonizadores acadêmicos talvez não consigam entender – por ignorância ou má fé, ou pela conjugação das duas - que os índios pentecostais, talvez, não se sintam perfeitamente alcançados com as descrições realizadas. Algumas assumidamente preconceituosas,

Assembleias de Deus - feudalismo e nobreza

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Em 1994, o sociólogo Paul Freston escreveu que as Assembleias de Deus possuía um sistema de governo "oligárquico e caudilhesco". Observou a concentração de poder na "complexa teia de redes compostas de igrejas-mães e igrejas e congregações dependentes". Seria, segundo ele, um "sistema de feudos", cujo propósito era conservar o poder e a expansão do ministérios. Há evidentemente, outras tentativas e formas de explicar as ADs. Mas a comparação com o sistema de feudos, talvez seja uma das mais adequadas. As ADs atualmente, em suas práticas litúrgicas e honras ministeriais, em nada fica a dever à antiga forma de governo medieval. Somente para relembrar: o feudalismo surgiu em parte da Europa (séculos V ao X), onde o poder se baseava na posse da terra também chamada de feudo. A sociedade era estamental, ou seja, cada classe social era fixa em suas atribuições e deveres. No entendimento da época, a nobreza, e tão somente ela, podia governar. O clero det

Nicodemos José Loureiro - baluarte de Madureira

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Antes da hegemonia dos Ferreiras no comando da Assembleia de Deus de Madureira, alguns pastores eram potenciais candidatos à presidência do ministério depois do fatídico agosto de 1982. À morte de Paulo Macalão e do seu braço direito Alípio da Silva, sem dúvidas, abriu um vácuo de poder sem precedentes. Além do próprio Manuel Ferreira, os pastores Lupércio Vergniano, Carlos Malafaia e Luiz Fontes destacavam-se para uma eventual liderança. Todos eles, diga-se de passagem, tinham que conviver à sombra da missionária Zélia Macalão, a qual, jamais poderia ser ignorada nas decisões ministeriais. Naquele contexto de muitas discussões, reuniões de bastidores e de enorme pressão sobre Madureira, outro forte candidato à presidência do ministério despontava: Nicodemos José Loureiro.  Mineiro do distrito de Caiapó, município de Pirapetinga, Nicodemos nasceu em 20 de junho de 1926, mas cresceu em Volta Grande (MG). Criado em um lar metodista, na juventude foi surpreendido com a adesão da

CGADB - todos contra todos

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Superado os problemas da primeira CGADB, a liderança assembleiana foi tentando acomodar suas divergências. Os pastores brasileiros, gradativamente, foram conquistando seu espaço nas principais igrejas. Os suecos ainda mantiveram sua influência teológica, mas a tão almejada harmonia seria um sonho dentro das ADs. Primeiro, porque transposto os problemas iniciais, outras questões surgiram ou se avolumaram. A cooperação dos missionários norte-americanos e seus projetos de utilização de novas mídias e a criação de institutos bíblicos, tornaram-se mais um ingrediente nas polêmicas convencionais. Mas é muito evidente, até na história oficial, que a expansão dos ministérios, principalmente o de Madureira, foi um dos principais fatores de constantes intrigas entre os obreiros. Silas Daniel no livro História da CGADB , nomeia esse tempo crítico de "período de intensos debates". CGADB em Santo André (SP) - 1975 Porém, justiça se faça: não foi só por causa de Madureira