Princípios da Reforma Protestante

No dia 31 de outubro de de 2017, celebra-se os 500 anos da Reforma Protestante iniciada pelo monge alemão Martinho Lutero. Será uma ótima oportunidade para refletir sobre os princípios do movimento que abalou as estruturas da poderosa Igreja Católica Romana.

Quando Lutero começou o movimento reformista, o contexto europeu era precário. "A peste avançava pela Europa" e as "revoltas camponesas brotavam onde os servos eram tratados como escravos por senhores feudais. Cidades insalubres cresciam sem infraestrutura." - destacou o jornal O Globo (28/10/2017).

A hegemonia da Igreja Católica foi abalada. O movimento ramificou-se em várias denominações com líderes, liturgia e enfoques teológicos diversos. O pentecostalismo é considerado herdeiro da Reforma Protestante e no Brasil foi implantado a partir da década de 1910.

Porém, depois de um século em terras brasileiras o pentecostalismo absorveu, em todos os sentidos, práticas questionáveis. O historiador Jesse Lyman Hurlbut, no livro História da Igreja Cristã, (editora Vida, 1996) destacou cinco princípios básicos da Reforma e que podem servir de padrão para analise do quanto as denominações, ministérios e comunidades estão em sintonia ou em contradição com o movimento iniciado pelo monge alemão.




Primeiro principio: a verdadeira religião está fundamentada nas escrituras. A tradição ou a autoridade eclesiástica não podem estar acima da Bíblia. Mesmo sendo uma vertente evangélica com forte ênfase nas experiências espirituais, os ensinadores pentecostais gostavam sempre de lembrar, que os dons, revelações, arrebatamentos e cânticos precisavam ser averiguados pela ótica bíblica.

Segundo princípio: a religião deveria ser racional e inteligente. Crenças irracionais, superstições e absurdos teológicos. Na concepção reformadora, a razão também é um dom divino, e a adoração não poderia violar a natureza racional do ser humano.

Terceiro princípio: o crente não precisa de intermediários para chegar-se a Deus. Sua relação com Cristo é individual e direta. A leitura da Bíblia começou a ser estimulada, pois o crente teria essa liberdade. A Reforma Protestante eliminou as barreiras litúrgicas e clericais, ou seja, cada crente é um sacerdote com acesso direto a Deus.

Quarto princípio: os reformadores queriam uma adoração espiritual e não formalista. A simplicidade da vida e culto cristão deveriam ser a tônica da verdadeira fé. Na época, as formalidades, cargos e nomenclaturas eram ambicionadas e valorizadas pelo clero romano.

Quinto princípio: formar igrejas nacionais desvinculadas de Roma. Isso possibilitou os cultos nas igrejas reformadas na Alemanha, Inglaterra e outros países europeus abolir o latim das celebrações e usarem seus idiomas próprios.

Considerações: quando uma igreja ou líder evangélico "profetiza","declara" ou "exige" em nome de uma suposta revelação algo irracional ou extra-bíblico, ou valorize mais pompas e circunstâncias, essa instituição está negando os princípios da Reforma.

E por último: quando a fé e objetos são comercializados como garantia de bençãos, ou as ofertas e dízimos são colocados como condição sine qua non para a salvação, é sinal que o respeitável ministério ou igreja (grande ou pequena) precisa de uma nova Reforma Protestante.

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