Convenção da Assembleia de Deus no Brasil - De volta ao lar

O dia 02 de dezembro de 2017, entrou para a história das Assembleias de Deus no Brasil. Depois de 33 anos filiado à Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), e de disputar diversas e polêmicas eleições para a presidência da entidade, o pastor Samuel Câmara da AD em Belém do Pará, apresentou ao país a Convenção da Assembleia de Deus no Brasil (CADB).

Para quem não conhece a história recente da denominação, a CADB é fruto de anos de discordâncias de uma boa parte dos pastores ligados à Convenção Geral com os rumos da política eclesiástica da instituição conduzida desde 1988, de forma quase interrupta pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa.

Mas, deixando de lado as questões políticas (as quais serão tratadas no blog no seu devido tempo), a CADB nasce com fortes apelos à memória assembleiana. A nova convenção surge justamente onde nasceu as ADs no Brasil. Foi em Belém do Pará, que em 1911, Gunnar Vingren e Daniel Berg fundaram a Missão de Fé Apostólica, posteriormente rebatizada de Assembleia de Deus. A congregação pioneira é chamada de Igreja Mãe, onde tudo começou 106 anos atrás. Todas as outras Igrejas e Ministérios tem nela sua origem. 

CADB: história como legitimação social

A CADB resgata uma velha reivindicação nas ADs, que foi sufocada com a institucionalização da igreja: o ministério feminino. O estatuto da convenção declara, que um dos propósitos da convenção é "Congregar, congraçar e promover o ministério cristão, sem distinção da vocação e chamada divina de homens e de mulheres". Ou seja, a CADB já nasce em sintonia com o desejo de reconhecimento e valorização do ministério feminino, algo que foi negado às mulheres na CGADB de 1930.

Outro ponto de destaque: o informativo oficial da CADB será o jornal Voz da Assembleia de Deus. Em forma digital ou impressa, a intenção do periódico será continuar "a história pioneira" dos jornais Voz da Verdade, de 1917, e Boa Semente, de 1921, ambos publicados pela AD em Belém. O hino oficial será o de número 144 da Harpa Cristã (“Vem à Assembleia de Deus”). 

A CADB também abrirá representações em todo o Brasil e no exterior se assim precisar. Mas no Rio de Janeiro, a representação será no campo de São Cristóvão, 338, "ponto histórico da primeira sede da convenção e da casa publicadora, desde 1946, na antiga capital do Brasil." Vale lembrar, que a AD em São Cristóvão foi pioneira no Sudeste e mãe de todas as ADs e outras denominações pentecostais na região, e está fora da Convenção Geral desde 2002.

Ainda conforme o estatuto, sugere-se que o tratamento entre os convencionais seja "a palavra IRMÃO, e, no caso de Presidente, IRMÃO-presidente". Nos antigos documentos e periódicos assembleianos, essa era a forma que os crentes assim procediam. Com a institucionalização, o "irmão" desapareceu para dar lugar às nomenclaturas conhecidas (pastor, pastor-presidente, bispo, apóstolo).

O objetivo em tudo isso é claro: buscar legitimação institucional. A CADB não seria mais uma cisão no universo das ADs, e sim a continuação da história e do legado dos pioneiros. Para contrapor-se ao atual modelo de gestão da sua congênere (CGADB), vista como desvirtuada e engessada por décadas, os organizadores da nova convenção "resgataram" aspectos históricos e afetivos caros aos assembleianos.

O estatuto da CADB foi aprovado em um dia mais que simbólico para os evangélicos: 31 de Outubro de 2017, dia da comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante e por coincidência dos 60 anos do pastor Samuel Câmara.

Como toda nova organização vista como dissidente, a CADB terá apoios, críticas e vai render ainda muitos comentários nas mídias especializadas e redes sociais. Mas na questão da conquista de mentes e corações, pelo menos na área histórica, o pessoal da CADB fez a lição de casa...

Fontes:


ALENCAR, Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus 1911-2011, Rio de Janeiro: Ed. Novos Diálogos, 2013.

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

ARAÚJO, Isael de. José Wellington - Biografia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

DANIEL, Silas, História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Os principais líderes, debates e resoluções do órgão que moldou a face do movimento pentecostal brasileiro, Rio de janeiro: CPAD, 2004.

FAJARDO, Maxwell Pinheiro, “Onde a luta se travar”: a expansão das Assembleias de Deus no Brasil urbano (1946-1980), (Tese de Doutorado em História) Assis-SP: UNESP, 2015.

Acesse o estatuto da CADB no site http://portalcadb.com/

Comentários

  1. verifica-se, pelo estatuto desta que não haverá eleição dos membros por parte dos convencionais; os membros do conselho permanente serão hereditários; será vertical... enfim será pior!

    ResponderExcluir
  2. As mulheres da Assembleias de Deus sempre foram reconhecidas,valorizadas e usadas nesta igreja! Agora para os aloprados, só servem se for consagradas ao pastorado! Os pioneiros dessa obra que já dormem no Senhor, devem estar se removendo nos túmulos com as heresias lançadas pelos Câmaras: Consagração de pastoras! Coitados,foram contaminados pela síndrome de Lúcifer: ocupar um trono a qualquer custo!

    ResponderExcluir
  3. Em compensação amado presbítero José Roberto,Gunnar Vingren e Frida Vingren devem estar fazendo festa na cova,pois essa era a vontade deles, e já teria acontecido a muito tempo, se ele não tivesse sido atropelado em 1930,e não tivesse sido quase "expulso" da obra que abriu no Brasil....

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A onde tá registrado isto? já li e reli vários livros acerca do Gunnar e inclusive sua biografia e nunca encontrei esta asneira!Frida Vingren era muito usado por Deus(inclusive tem hinos lindos da nossa Harpa Cristã, composto por ela), Mas ela nunca quis e nem lutou por essa honra diabólica de ser pastora! É Que os Câmaras são mais "ousados" do que Jesus, que na hora de escolher os apóstolos, escolheu doze machos!Pq será que ele não escolheu as mulheres dos mesmos também? Seria machismo ou por medo? E suas reuniões eram feitas só com os machos pq será? Ele era do clube do Bolinha?kkkkkkkk!!!!! CADB, com suas inovações dos últimos dias!

      Excluir
    2. Sr José Roberto, aonde está na bíblia que desejo pastoral por parte das mulheres é coisa do diabo?

      Excluir
    3. E se era de fato a vontade dos Vingrens, não é a vontade da Bíblia. Jesus chamou apóstolos e os apóstolos nomeou bispos e prespiteros.A CADB nasce com os mesmo vícios da CAGDB lamentável. Mas ainda sim, estou dando o benefício da dúvida a CADB.

      Excluir
  4. Mentira também é uma das síndrome de Lúcifer e resuci tarde morta pra votar e pra cabar

    ResponderExcluir
  5. Essa convençao sem dúvidas será a maior do Brasil em pouco tempo,a qui no meu estado só se fala nisso e muitos obreiros já querem mudar para nova convenção.CADB

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ainda bem que verificando a minha bíblia,nunca vi Deus do lado da maioria! Não será crescimento,e sim inchamento,com pastores e pastoras desmantelados,em sua grande maioria!

      Excluir
    2. Desmantelados são aquele que sem pensar nas consequência,escrevem mortos para votar
      sanrticimo

      Excluir
    3. Como se na cgadb nao tivesse pastores desmantelados,para de hipocrisia!

      Excluir
  6. Na verdade não ouve divisão do Pr.líder da ''igreja mãe ''e sim uma oficialização do que sempre existiu em seu coração e da terça parte que lhe segue.
    Demorou muito para tomarem tal decisão, se tivesse feito antes ja seria presidente a muito tempo, tendo em vista que esse sempre foi o seu desejo que só agora está sendo realizado com um gosto de perdedor e rebelde, sem moral alguma para resolver futuros conflitos que surgiram entre seus liderados.
    No entanto esse blogue é muito importante pois fala da memória como é seu nome, toda via com um pitada de ataques a instituição e em alguns momentos bem parcial, intimamente pouco informativo sobre a história pioneira e mais divulgador de conflitos que não é de fato a marca da Assembléia de Deus a maior denominação evangélica pentecostal, seu crescimento não deve se as possíveis polêmicas ou conflitos e sim ao trabalho de milhares de obreiros e da vontade de Deus. Porém a denominação sempre terá boas matérias para serem produzidas basta a impacialidade e boa vontade de apresentar ao público. Deus vos abençoe.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Existiu em seu coração? Depois de três ou quatro tentativas frustado de ser presidente da CGADB, e nunca conseguindo,pq essa não era a vontade de Deus? O que ele queria era a CPAD,para dar apoio as suas heresias,inclusive a separação de mulheres! Deus nos deu um grande livramento!

      Excluir
    2. Nao era a vontade de Deus dele ser presidente e nem tampouco José Wellington,nada haver com Deus a cgadb.isso é coisa do homem.

      Excluir
  7. Uma outra coisa que chama muita atenção no estatuto é o artigo 25 que diz que a convenção poderá desenvolver fraternidade, cooperação e convênio com outras organizações religiosas e instituições públicas e privadas. Diferentemente da CGADB que proibia principalmente relação com outras organizações religiosas.

    Esperamos ver nessa nova convenção através de seus líderes e ministros filiados, uma grande campanha de ensino em seus templos no combate à intolerância religiosa que tem varrido a nossa nação, que sabemos ter sido cometido principalmente, por pseudospentecostais e neopentecostais contra seguidores de religiões de matriz africana. Contrariando completamente o que Jesus ensinou "ame o seu próximo como assim mesmo", ou seja, a base para o respeito a todas as pessoas, independente de religião ou opção sexual.

    ResponderExcluir
  8. A CGADB profana o público enchendo o mesmo de políticos ladrões, beberrões, espíritas entre outros tipos de pecado.

    ResponderExcluir
  9. NÃO É BÍBLICO O CHAMADO "PASTORADO FEMININO"! INVENÇÃO HUMANA, FRUTO DO FEMINISMO NASCIDO NOS EUA. PESQUISEM!

    ResponderExcluir
  10. Fico aqui pensando se um descrente venha ler esses comentários,acho que eles ficariam todos confusos em suas mentes em respeito a essas questões que os irmãos aqui discutem a respeito de ordenação de homens ou mulheres para serem pastor(a)meus amados deixemos aqui de meninice e vejamos que tudo não passa de títulos,e que venhamos lutar não uns contra outros mais que venhamos lutar por uma so causa a proclamação do evangelho quer sejam da CGADB ou CADB para mim o importante é lutar e viver para Cristo comungando com todos irmãos o amor de Deus.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O caso Jimmy Swaggart - 30 anos depois

Iconografia: quadro os dois caminhos

Assembleia de Deus e a divisão em Pernambuco (continuação)