Paulinho Macalão - o herdeiro esquecido

Paulo (Paulinho) Brito Macalão, não nasceu em berço de ouro, mas seu nascimento aconteceu numa época dourada para seus pais; o mítico líder da AD em Madureira, Paulo Leivas Macalão e sua esposa, a missionária Zélia Brito Macalão.

Paulinho nasceu no dia 21 de outubro de 1943, na cidade do Rio de Janeiro. Filho único do casal Macalão, o menino veio ao mundo quase uma década depois do casamento dos seus pais em 17 de janeiro de 1934. Em uma época de famílias numerosas, a vinda do rebento foi recebida como a resposta de Deus às insistentes orações da igreja em favor dos seus estimados líderes.

Segundo a narrativa oficial de Madureira, "Paulinho foi crescendo na boa atmosfera de um lar genuinamente cristão". Porém, ao analisar a história, percebe-se, que o rebento dos Macalão viveu em outras "atmosferas", na qual, por força do destino, estava ele inserido.

Ainda criança, Paulinho acompanhou o grandioso esforço da AD de Madureira em erigir seu majestoso templo sede na Rua Carolina Machado. Com 10 anos incompletos, lá estava ele acompanhando seus pais, fardado de branco para a inauguração da grande Catedral. Havia no olhar do menino, o encanto de estar vivendo um momento especial.

Paulinho atualmente e nas Bodas de Prata dos pais: herdeiro esquecido

Às vésperas de completar seus 15 anos de idade, no dia 20 de outubro de 1958, o jovem Macalão foi surpreendido à noite em casa com a banda da AD em Madureira, que para agradar o moço, executou vários hinos e dobrados em sua homenagem. Aliás, Paulo Brito fazia parte da banda da igreja desde a mais tenra idade. 

No dia 17 de janeiro de 1959, Paulinho presenciou as Bodas de Prata dos seus genitores. Diante de vários pastores do Ministério e de outras denominações, o unigênito de Macalão colocou as alianças no casal e agradeceu a todos pela presença no evento. 

Assim, em meio às cerimônias, cultos, bandas de músicas, pregações e a cada vez maior projeção do Ministério fundado por seu pai, o garoto de nome respeitável, tentou-se inserir na obra evangélica. Em 1966, Paulinho foi separado ao diaconato e em 1974, a missionário. Formou-se em teologia pelo Instituto Bíblico Ebenézer e trabalhava na área secular como funcionário público.

Segundo consta nos registros oficiais, o herdeiro de Paulo Macalão era "vocacionado para orar pelos oprimidos". No templo da AD em Madureira no Rio, Paulinho dirigia todas às segundas-feiras um bem frequentado culto de "Oração e Libertação".

Entretanto, nas memórias dos crentes antigos, o filho da missionária Zélia parecia um tanto informal para os costumes da época. Com os cabelos maiores que o normal e de postura mais despojada em relação ao rígido código moral imposto pela denominação, o jovem Macalão chegou a ser no pastorado do pai, 3º vice-presidente da AD em Madureira.

Dizem, que a presença de Paulinho na diretoria, era mais uma exigência da missionária Zélia do que propriamente um desejo de Macalão. Provavelmente, ela queria ver o filho em local de destaque, ou segurá-lo na igreja, uma vez que o perfil do unigênito era da mais total aversão ao sistema ministerial.

Com a morte de Macalão, em 1982, o sogro de Paulinho (o pastor Orosman Dagoberto) assumiu à liderança da AD carioca. Em 1988, Orosman deixou o cargo por motivos de saúde, e assumiu em seu lugar o pastor Luiz Fontes e posteriormente Manoel Ferreira e seu filho Abner. Com a morte de Zélia também 1988, é possível que o processo de esquecimento de Paulinho tenha se acentuado.

Sem muitas ambições ministeriais e órfão, o herdeiro de Macalão não foi páreo para a dinastia dos Ferreira. Um dos filhos de Paulinho, André Lúcio, talvez pudesse fazer frente ao novo establishment, mas foi estrategicamente deslocado do Rio para a cidade de Caldas Novas no interior de Goiás. Afirmam alguns que essa mudança de André foi patrocinada pela liderança da AD goiana com intenções de proteger o neto do fundador do Ministério de Madureira.

Paulo Brito Macalão é visto nas ADs do Rio de Janeiro fundadas pelo ministério do seu pai. Visita Nova Iguaçu, o antigo templo de Bangu e outras. Já foi visto na CPAD e às vezes é reconhecido pelos crentes de longas datas. Está longe do centro de poder eclesiástico; poder esse com quem conviveu durante toda sua vida. 

Não deixa de intrigante, que o herdeiro do mítico líder de Madureira, cuja memória é exaltada em vários eventos, hoje esteja esquecido. Não só isso: Paulinho é membro da família pioneira do pentecostalismo no Rio de Janeiro. Os componentes da família Brito foram de fundamental importância para o desenvolvimento das ADs cariocas. 

Mas, em tempos de nepotismo, Paulinho - contrariando como sempre às expectativas - talvez até deseje (para o bem ou mal) ser esquecido...

Colaboração de Oseias Balsaretti - Curitiba/Paraná

Fontes:

O Semeador, ano XXII, número 164 - outubro/1982

Revista A Seara, ano IV, número I.

Comentários

  1. Sem chance,Paulinho! Esses Ferreiras não São de bricadeira ! Que o diga o pastor do Brás!

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    1. As duas Assembleias viraram patrimonialista. O nepotismo e a herança sacerdotal impostas aos membros é de doer. Congrego em um Igreja Batista que cai neve, mas ainda o dono é Jesus.

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  2. Paulo Brito é de uma época em que os filhos de pastores seguiam a vida normal, faziam faculdade, viravam médicos, funcionários públicos. Atualmente o nepotismo, como todos sabemos, está estabelecido, causando escândalos.

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  3. vem Paulinho para a CADB aqui vc será honrado como merece

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  4. Participei de reuniões no porão da sede em madureira com o Paulo. Que tempo de saudades. Alguém pode postar alguma coisa sobre a irmã Eloísa Melo e Silva dirigente do Circulo de oração na década de 1970?

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  5. Paz do Senhor Jesus. Como faço para convidar o pastor Paulo Brito Macalão para pregar em nova Iguaçu rj.

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  6. Nossa família tem muitas saudades do missionário Paulinho. Gostaríamos que ele pudesse nos visitar. Será sempre benvindo. Ainda moramos em São João de Meriti. Eden Marli e família obrigada

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  7. Com quantos anos está o Paulinho Brito?

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  8. Pr. Carlos Magalhães30 de maio de 2019 às 21:51

    Também participei das reuniões no porão da Ass de Deus em Madureira, quando jovem aceitei a Jesus. Lembro-me bem do Paulinho, tocando piano....louvando a Deus com um belo hino. "Pai Nosso que estas nos céus, santificado seja o teu Nome, venha o teu reino.....que saudades daquele tempo. Onde estiver amigo. Que O Bondoso Deus em Cristo Jesus te Abençoe e guarda. Shalom Adonai Yeshua Hamashia.

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  9. Ele tocava piano nos cultos de libertação.
    Ele orou pela minha filha e Jesus a libertou.
    Ele era muitíssimo usado por Deus.

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  10. Como filha do pastor Alvaro Motta, muito amigo do pastor Paulo Leivas Macalão, conheci Paulinho e gostaria muito de voltar a vê-lo.

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  11. Conheci o Paulinho nos cultos de libertação, cabelos acima do permitido na época e tocando piano, os cultos aconteciam ainda na nave da igreja depois passou para o porão onde ele dirigia com um amigo, acho que era Eliseu também muito usado por Deus.

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  12. Segundo um amigo, ele estava sempre em Senador Camara, RJ.Tive informações que ele se abateu muito com o falecimento de sua mãe. Paulinho é a história viva da Assembléia de Deus de Madureira.

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  13. Meu irmão foi curado num dos cultos dirigidos pelo Paulinho, minha mãe era membro da Assembléia de Deus de Madureira.

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  14. POIS É, É MUITO TRISTE LÊ A HISTÓRIA DE UMA ASSEMBLEIA DE DEUS PIONEIRA NO RIO DE JANEIRO, ESTÁ AÍ NAS MÃOS DESSES MERCENÁRIOS, QUANDO DEUS LEVOU O LÍDER PAULO LEIVAS MACALÃO,QUEM DE FATO ERA PRA ASSUMIR SERIA O SEU ÚNICO FILHO, MAIS ASSUMIU OUTRO PASTOR, ESSES QUE AÍ ESTÃO NA LIDERANÇA VIERAM COM SEDE AO POTE, ATÉ TOMAREM O PODER SÓ DEUS SABE LÁ COMO FOI, É MUITO TRISTE HOJE SABER DESSAS COISAS E SABER QUE FAZEM TUDO EM NOME DE JESUS, JESUS NÃO AMA ESSE TIPO DE GENTE, SOBERBOS, ORGULHOSOS, FRAUDULENTOS, SÓ DEUS NA VIDA DESSAS PESSOAS INESCRUPULOSAS....

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  15. Muito me interessou em saber o q aconteceu com os verdadeiros herdeiros de direitos, de quem muito não se ouvi nem se quer falar em cultos eclesiásticos. Infelizmente é mais uma história do outro lado das AD Madureira. Nada contra os direitos atuais, porém poderiam ser um pouco mais claros com dis respeito a quem de fato Foi a mão forte no início. Q Deus abençoe.

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  16. Injustiçado pelos homens, mas, honrado por Deus! Paulinho nunca teve a ambição em suceder o seu pai. Precisa ser humilde para não ser seduzido pelo poder.

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